Nem queria acreditar com o que me deparei!
Mas ainda há gente que faz, ou manda fazer este tipo de "poda" às árvores?!
Isto não tem nada de poda, é apenas uma simples e estúpida rolagem que, por um lado, não só descaracteriza e desrespeita a nobreza da árvore (no caso Catalpa bignonioides) por outro, uma agressão gravíssima à própria sanidade da planta!
E não me venham com a cantiga que a planta fica cheia de força, que começa a rebentar.
O que se trata na verdade é a resposta urgente e desesperada, o ultimo suspiro, para recuperar a sua parte aérea (necessária para a sua produção) antes do próximo período estival, que ainda por cima está muito próximo.
De modo simplificado, a planta produz através da sua parte área, folhas e flores, e armazena no tronco e raiz. Quando se altera este equilíbrio, cria-se uma situação de stress, que procuram rapidamente equilibrar. Daqui se justifica a cor intensa que os novos rebentos apresentam, bem como a rapidez de crescimento.
Vejamos então, o que entendem C. Cabral e Ribeiro Telles sobre a Poda:
"A poda consiste na supressão de uma parte maior ou menor da copa" (obviamente não a supressão completa da mesma)
"A modificação da forma pode ter uma finalidade puramente estética, como é o caso das plantas talhadas, ou uma finalidade utilitária como por exemplo o levantar da copa de árvores de alinhamento para dar passagem aos veículos e não perturbar a iluminação" (que não me parece nenhum dos casos)
"É claro que toda a supressão de ramos modifica as condições de equilíbrio vegetativo da planta"
"Qualquer supressão de que resulta um aspecto definitivamente mutilado da árvore, deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental. É preferível nesse caso a supressão pura e simples do indivíduo (...) Normalmente, os cortes devem fazer-se de modo a não se notarem. O maior elogio que se pode fazer a podador de árvores ornamentais é que não se perceba que a árvore foi podada. A forma natural da árvore é perfeita e portanto não é necessário corrigi-la no sentido estético nem fisiológico. " (in: Cabral e Telles; A Árvore em Portugal, 1960)
Este tipo de tratamento, rolagem, aplicado de modo repetido demonstra a ignorância por parte de quem deveria ter competência para tratar os espaços públicos, com respeito não só pelas plantas mas, ainda mais grave, pelas populações que o utilizam.
